quinta-feira, 5 de março de 2009

O último grande herói


Nascemos, nos desenvolvemos e morremos, as plantas também fazem isso! E onde está o nosso diferencial? É por que andamos e elas não? Talvez fosse um “sim”, mas acredito que não. Mas talvez sim, se tudo permanecer igual, se no final da jornada do sucessivo alvorecer, não se poder ver o sol com ânimo e não tê-lo mais como algo a se descobrir senão o mesmo sol de sempre, chato e mudo. E se for um não, se a vida do início não vir a ser a mesma do final? É aí que nos livraríamos do espírito vegetal? Mesmo assim, ainda acho as plantas bastantes corajosas, girassóis giram para o sol em toda sua trajetória, num movimento obcecado e obsessivo, raízes afundam-se em busca de mais água para manter-se vivas, folhas brigam espaço por espasmos de sol. E nós, ficaremos nesse blábláblá aqui?

“A vida é curta pra ser pequena amor
Não vale a pena reclamar’.
(Banda Moinho)

Saí do cinema e vir parar aqui a escrever, Slumdog Millionaire (QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?) e pergunto: Quanto vale ou é por quilo? Talvez, sem pensar muitas vezes, alguns de nós, estes seres humanos, poderiam dizer que valemos o preço de uma banana, duas no máximo e que trabalhamos demais, trabalhamos produzindo para os outros e os nossos filhos também. Este filme nos faz pensar sobre isso que não dou nome porque não sei o que é, mas vejo essa vida que vivemos e pergunto se isso tudo vale a pena, que existência é essa a nossa? Hobbin Woods, líderes revolucionários, mártis e as pessoas que lutam por amor, onde estão? Individualismo, busca pelo prazer próprio, isso nos leva para onde? Grandes histórias, grandes heróis, Jesus? Parece que vivemos sem tempo para viver para nós mesmos, não vejo nos olhos da gente o brilho de contar grandes histórias, em quem acreditar? O tamanho das coisas nos interferem muito, a relação que temos com as coisas se perde à medida que as cosias vão se capitalizando até que não percebemos mais como nosso o que sempre foi nosso e, pagando por isso, fingimos que tudo está muito tranqüilo. As grandes estórias, mesmo quando são grandes estóriazinhas nos chocam muito, foi ele capaz disso? Foi ela tão longe, por amor, por fazer algo que não tivesse capital envolvido? Caminhamos muito pela informação e a intuição? Não sei, sei que passei de ônibus, estava lendo um livro da Clarice Linpector, aconteceu um assassinato, apenas voltei a ler e segui caminho do trabalho, e ninguém se importou senão alguns olhares falsos de peixe morto e arregalados. Somos sangue-sugas das estórias legais da vovó e o que buscamos nessas aventuras de parar um instante para ouvir? O grande homem hipermoderno cansou de si mesmo ou apenas viu no espelho o caminho da sua salvação? Este homem maravilhoso tem um carro e um pedaço de ar para morar e vive.

“Desde então há quem o tem visto
Só nas ruas a transitar
anda esperando pacientemente por alguém
com quem ao menos tranqüilo
Possa conversar...

Enquanto este mundo gira e gira
sem que possamos o deter
E aqui embaixo muitos nos manipulam
como peças de xadrez

(...)

Se por falta de ocupação
ou de excessiva solidão
Deus não resistiu maise se mudou pra outro lugar
seria nossa perdição
não haveria outro remédio mais
que adorar ao Michael Jackson
ao Bill Clinton ou ao Tarzan

É mais difícil ser rei sem coroa
do que uma pessoa mais normal”

(Shakira)

Fotofragia da Lua. >> http://www.fotolog.com/luauli/67635369

6 comentários:

Anônimo disse...

As pessoas precisam buscar as coisas simples da vida:
amor,amizade,afeto...um abraço..
Às vezes se perdem, nessa vida de solidão(interesse próprio),existem nao vivem...

Eduardo Fernandes disse...

Geralmente me pego com os mesmos questionamentos sobre as condutas adotadas pelas pessoas. às vezes dá-se valor a certas coisas em detrimento de outras tão importantes.
O texto ficou bem interessante. Temos um pensamento bem parecido sobre o assunto ^^

jjmarquete disse...

"Não sei, sei que passei de ônibus, estava lendo um livro da Clarice Linpector, aconteceu um assassinato, apenas voltei a ler e segui caminho do trabalho, e ninguém se importou senão alguns olhares falsos de peixe morto e arregalados."

Te disse, né? Tenho tanto medo de me endurecer numa cidade grande e perder a sensibilidade. Tenho tanto medo de me tornar demasiadamente insensível e começar a olhar pras pessoas como se elas nao tivessem uma história também... como se elas estivessem apenas passando (e eu também) e nossas vidas nunca fossem se cruzar. E o caos nos ensina que nos cruzaremos... mais cedo ou mais tarde.

PHDelazare disse...

Essa sua subjetividade foi incrível. Concordo com ela. Por isso, continuemos fazendo nossa parte.
Parabéns.

Anônimo disse...

Como um papel branco diante de nos e varios lapis coloridos. As vezes a pressa ou a falta de vontade nos fazem usar apenas uma cor para representar aquilo q sentimos por meio de desenhos, palavras.. nao nos preocupamos mais em tornar belo aquilo q sentimos e consequentemente o modo como agimos. Preferimos viver no branco e na falta de graça das coisas sem cores. E pensamos nisso justamente quando sentimos falta do calor, das historias, dos risos, do tempo livre.. livre para tornar a vida um pouco mais colorida. O q vc escreveu me fez pensar e querer hoje um dia melhor pra mim :)Com mais conversas, encontros e risos! Tenha um dia assim tb Henrik, todo colorido, q nao passe despercebido!
Bjos querido! =*

gabriel ramos disse...

Gostei do tom de chamamento do texto. Gostei de um tom crítico às coisas cotidianas e passageiras.

Muito bom, cara, de verdade.

Um abraço!