quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Lua Crua

Acontece sempre
a poesia aconteceu de novo hoje
acreditaria sim, se te contasse olho no olho
ou tato no tato
de ato em fato você saberia de tudo
se quisesse
até de boca em boca,
principalmente...
Boca a boca
este sorriso é um ato!


(Foto de Luna, bailarina-arquiteta!)

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Luciana






















Sou bonita e me permito a qualquer tempo
Ando e leio livros
Não me intimido por qualquer vento
Sou mais uma tempestade
Sou eu quem inspira esses textos
E organizo do meu jeito
Tenho tento pra vida
Mas não tenho hora para dar...
Sou Geralda
E pela manhã
Brilho como uma esmeralda
...Pedra bonita,
Você come diamantes?
Ah, são deliciosos!
Como seria se em cada abacate
O caroço fosse um diamante?
O que seria de mim
Um abacate maduro
Carne macia, escorregadia
E um coração-carbono?
Esses textos não são sobre amor,
Pois são muito sobre mim.
Sou eu quem queima cada folha desses textos
-Deixo um outono literário-
Muitas canetas, braços e poucas folhas de papel
Para ser sujado de tinta de povo
Esse povo multicolor
Multipovoador
De novos braços, dedos e pontas finas famigeradas
Por cor
Em cor
Povoe em mim!
Este corpo livre de minúcias de tratamento
que agüenta uma linda tsunami
um trator,os desejos de uma madame
uma dinamite!
mas eu sei
nem dinamite detrói um diamante!
E aqui
Derretida, espremida
nessa casa cheia de moscas
Pronta para receber
Qualquer dessas mordidas
Espero anciosa o momento e
Com sangue na boca
De alguma saudade
Por alguma bobagem
Bate
um carbono-coração

sábado, 30 de maio de 2009

Envelheço...






















Envelheço na cidade
enquanto o sol arde
a noite deixa medo e risos depois grogue
envelheço com mocidade
o dia grogue e a noite cai como uma luva
sou eu a rua
a cidade a terra e a lua
sou eu agora
encaro a vida
e demora...
Mas chega a hora
de cara a cara
e desabrocha
uma nova vida
uma vez e uma hora
eu percebo que ...
envelheço com mocidade,
mas perco minha carne
e de chão em chão
com ossos e músculos mil
envelheço na cidade

segunda-feira, 6 de abril de 2009

PHI gura

A carne de um corte a vista
estraga e é molestada.
por animais,
que voam e rondam
comendo...
se alimentam disso.
ferem e sugam.
O sangue
que e bom e é vermelho,
espalha medo e não tem sentido
Sem ser vivo
senão ser visco
sem aceitar sua própria existência
da delirante emergência,
de uma vida,
emerge um coágulo e sua existência
-Por um instante-
pára
ali eu não reparava
uma pinta escura sobre uma pele alva
que errou
o alvo e o sangue
que seria derramado,
entrou mais e sufocou
e os olhos iriam fechar...
antes de não ver
a forma não vista
jamais concebida pela forma legítima.
fragmento superado
disforme, e meganinfomaníaca
quem viu
quis chocolate na boca
quis chocolate (...) e quis boca
olhou, não viu
apenas procurando ...
por si mesmo não,
soube que
Uma palavra e uma coisa
Vale pela outra
E não viveu, viu, e
O céu enrubesceu.
Alguma profecia pela avessa e não ria
Ninguém ria
Apenas anedotas guardadas,
do armário
Emergia uma potenciazinha
única de que alguém
fosse existir
Alguma profecia atendida
e antes que acontecesse
de fato Uma!
grande pedra caiu
O matou e o faliu
O fez de pó o próprio pó
De Puro duro essencial
Puro fato efêmero e existencial
Um cinematográfico beligerante
Assalto de assaltado que
Mata
arma
rouba a sua
Cena de novela
Ninguém mais via
Ninguém queria
a cena
De novela numa tevê branco e preto
Era uma forma e eu não
Sabia que era
Delirante e famigerada
Por sentido
Em pleno sentindo
Uma luz e um corte em carne dura
Ossos saiam a procura de sal, como girassóis a procura de sol
E a forma
Que ninguém conhecia
era
Parataxi perdido e pássaro ferido


quinta-feira, 5 de março de 2009

O último grande herói


Nascemos, nos desenvolvemos e morremos, as plantas também fazem isso! E onde está o nosso diferencial? É por que andamos e elas não? Talvez fosse um “sim”, mas acredito que não. Mas talvez sim, se tudo permanecer igual, se no final da jornada do sucessivo alvorecer, não se poder ver o sol com ânimo e não tê-lo mais como algo a se descobrir senão o mesmo sol de sempre, chato e mudo. E se for um não, se a vida do início não vir a ser a mesma do final? É aí que nos livraríamos do espírito vegetal? Mesmo assim, ainda acho as plantas bastantes corajosas, girassóis giram para o sol em toda sua trajetória, num movimento obcecado e obsessivo, raízes afundam-se em busca de mais água para manter-se vivas, folhas brigam espaço por espasmos de sol. E nós, ficaremos nesse blábláblá aqui?

“A vida é curta pra ser pequena amor
Não vale a pena reclamar’.
(Banda Moinho)

Saí do cinema e vir parar aqui a escrever, Slumdog Millionaire (QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?) e pergunto: Quanto vale ou é por quilo? Talvez, sem pensar muitas vezes, alguns de nós, estes seres humanos, poderiam dizer que valemos o preço de uma banana, duas no máximo e que trabalhamos demais, trabalhamos produzindo para os outros e os nossos filhos também. Este filme nos faz pensar sobre isso que não dou nome porque não sei o que é, mas vejo essa vida que vivemos e pergunto se isso tudo vale a pena, que existência é essa a nossa? Hobbin Woods, líderes revolucionários, mártis e as pessoas que lutam por amor, onde estão? Individualismo, busca pelo prazer próprio, isso nos leva para onde? Grandes histórias, grandes heróis, Jesus? Parece que vivemos sem tempo para viver para nós mesmos, não vejo nos olhos da gente o brilho de contar grandes histórias, em quem acreditar? O tamanho das coisas nos interferem muito, a relação que temos com as coisas se perde à medida que as cosias vão se capitalizando até que não percebemos mais como nosso o que sempre foi nosso e, pagando por isso, fingimos que tudo está muito tranqüilo. As grandes estórias, mesmo quando são grandes estóriazinhas nos chocam muito, foi ele capaz disso? Foi ela tão longe, por amor, por fazer algo que não tivesse capital envolvido? Caminhamos muito pela informação e a intuição? Não sei, sei que passei de ônibus, estava lendo um livro da Clarice Linpector, aconteceu um assassinato, apenas voltei a ler e segui caminho do trabalho, e ninguém se importou senão alguns olhares falsos de peixe morto e arregalados. Somos sangue-sugas das estórias legais da vovó e o que buscamos nessas aventuras de parar um instante para ouvir? O grande homem hipermoderno cansou de si mesmo ou apenas viu no espelho o caminho da sua salvação? Este homem maravilhoso tem um carro e um pedaço de ar para morar e vive.

“Desde então há quem o tem visto
Só nas ruas a transitar
anda esperando pacientemente por alguém
com quem ao menos tranqüilo
Possa conversar...

Enquanto este mundo gira e gira
sem que possamos o deter
E aqui embaixo muitos nos manipulam
como peças de xadrez

(...)

Se por falta de ocupação
ou de excessiva solidão
Deus não resistiu maise se mudou pra outro lugar
seria nossa perdição
não haveria outro remédio mais
que adorar ao Michael Jackson
ao Bill Clinton ou ao Tarzan

É mais difícil ser rei sem coroa
do que uma pessoa mais normal”

(Shakira)

Fotofragia da Lua. >> http://www.fotolog.com/luauli/67635369

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

cantarilho


Conter antes de ser
Conto agora não
Sou
o que devo ter
Teria senão sentir
É um jogo de carta isso aqui
Tarot
É dar sentido as trivialidades e rir
Isso é um jogo
de vivo ou morto
Mata um e vive outro
Vivo
Morto
Abaixa e levanta
Ninguém mais canta
Mas Cata umas notas por aí
Quase sempre DÓ, MAIOR
Não há sinfonia se não ouvir
dor senão curtir
amar se não tentar compreender
Sentir dor é para quem tem sensibilidade
E dói muito sensível
latente
É o que compreende o aquário de todo ar
Canta umas notas por aí
Quase sempre LÁ
É muita felicidade, é felicidade demais
É muito latente e o nervos á flor da pele
É lótus
É orquídea
É pingo de ouro amarelo roxo
É muita cor
É muito brilho sem luz
Metáforas potenciais leva o espírito Lá
Dor Menor não há
Alegorias de cá
Fanfarra por Lá
e o chão de brasa em brasa aqui
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(Desenho por Flávia Botechia)