terça-feira, 18 de março de 2008

Refração

A cor vermelha do abajur
Outrora lilás
reluz um novo brilho pela janela fechada
um estar bem em sentimento
era a hora
não a suposições vagas de um futuro incerto
era a hora de pensar
Muito bom
é muito bom ta aqui
o rósea da parede influenciada pela cor da luz
a vela alimentada de oxigênio
e
regulada pela respiração
abria a fome de recuperação
abre a geladeira:
é muito bom caqui!
geladeira fechada.
O lilás retornará só no dia seguinte

Epimeteu e a Anti-Pandora

A culpa pelas vidas que ela tirou vinha à tona em sua cabeça. Estava sozinha junto às sombras sob uma cortina mofada e, nestas horas, quando tudo vem à tona, o susto pelo novo vinha e jazia o seu coração mórbido.
Um brilho refletido pela superfície do mar, acendeu sua rua e a vizinhança acordou para sentir, para ver o brilho que muito tempo não via. Êta vizinhança boa, se abraçavam e cumprimentavam muito excitados pela lei cumprida. Dessa vez o mal estava longe, longe o bastante para que não pudesse assustar seus filhos brincando na areia do parque.
Antes de enterrar seu coração e fazer a cidade brilhar, seus lábios percorreram pelos lugares mais sinuosos de muitos corpos, depois de muitos copos e até mesmo sóbria, sempre tentava não cair em contradição com suas próprias mentiras, vivia disso e disso tirava proveito para tudo. Sempre se escondia em máscaras que antes nunca foram retiradas. Mas, alguém tinha que morrer, e encontrou um objeto sujo por debaixo de um amontoado de sapatos velhos e guardou, seria de bom uso para ela. Lá guardou todo seu mal, mas ela não conseguiu guardar a si própria.

O Objeto, lá estava. Sobre um amontoado de velhos sapatos.

Na sua caixa de pandora cabia tudo menos ela mesma, mesmo sem gorduras ele entrava com dificuldade, aliás, nem nunca entrou! Nem sequer conseguiu.
a descoberta do amor de uma mulher. No teu corpo, fita de cetim sempre amarrava para comprimir mais, teve medo, mas continuou sendo aquela apertada que ainda não cabia em seu próprio ego, não sabia o volume que ocupava em sua existência, sempre disposta e apertada!
Apertava cada nó para não perder a sapatilha de balé que usava para tentar fixar seus pés sobre a certeza de que ela era real. Mal cabia em sua caixa de pandora, nunca teve o desprazer. O amor daquela mulher traria o espaço que procurava, o mesmo que buscava se amarrando toda na sala de jantar.
Naquela sala de jantar onde o amor aconteceu em gênero número e grau, as esquadrias de madeiras não eram frias como as de alumínio que estão instaladas na sua casa. Havia um quadro.
Era algo como uma pintura de famosos, um retrato em branco e preto. A moldura era de carvão que espalhava seu pó pelo ambiente que, marcou o rosto molhado pela emoção quente, depois disso não havia mais movimento nas velas que balançaram devido à respiração ofegante. Nunca se viu vontade de dar como nela é expressivo! Todo mundo sabe que Epi meteu nela várias vezes.
Ela não se liberta nenhum instante para estar no seu lugar quieta, quer sempre sair, está sempre apertada, o efeito daquela mulher não foi suficiente para o resto da semana. Um dia, foi encontrada sobre a cama da casa do marido de uma mulher um pouco mais apertada que ela, seu instante de quietude apareceu. Neste dia Epi meteu nela pela última vez.
Foi o fim da sua busca, não chegou a conhecer a pessoa mais próxima a ela, ao mesmo tempo muito distante. Ela não teve a chance de olhar no olho do espelho, não consegui ser Pandora, não teve medo e abriu a caixa na hora errada. Posição extremamente ínfima a dela e nunca ninguém a viu impulsiva assim. Seu maior erro foi o que todos cometem: achar que nós somos nossos maiores conhecidos, o bastante para sermos responsáveis por nossas atitudes! Vestida de branco, apareceu no juízo final melhor que a esperavam. Esperavam ela desesperada, souberam que mesmo morta Epi meteu. Estaria bem por isso?

(escrito no segundo semestre de 2007)

Pagando em Juros

Se tempo é dinheiro
O ócio é negócio
Que não seja ônus
Senão oneroso
Seja bônus
Que é bom para os audaciosos
Demais para os gananciosos
Mesmo não investindo muito
Querem no bolso
Não alguém
Algo físico

Todos esses políticos deveriam andar de ônibus
os corruptos
Gananciosos

não valem o prato que comem
Que com certeza não barato quanto o duralex (vide Carla Perez), não é?
Riem da lei de Murph acontecida
Pois sempre querem no bolso, querem ninguém
Não alguém que possam perder seu bolso
Talvez alguém que possa encher o bolso e depois morrer
foda-se neh?


(Escrito em 2007/1)

Difração

Alguns copos vazios
Antes cheios
Abrigam o fluido ar junto com a respiração fresca
o vento em velocidade
movimenta a cidade
em frente para o mar
no horizonte para a lua
prateada
cheia perto do máximo
prateada na água a sua luz toca fundo a matéria do nada
reflete!
na areia tocada
dois pés
abrindo caminham para o desconhecido
trazem em seus corpos
o impacto cortante de cada grão
frente ao mar sólido
têxtil
o céu azul e preto
a prata da lua refletida no infinito espelho d’água
o pedaço de continente perto
enquadrado sem limites
centraliza
um beijo sem boca
equaliza
a respiração íntima e quente
na movimentação do cenário
centralizado, está

(Escrito em 2007/1)